bem, como vocês ficaram sabendo, meio que rolou uma guerra entre Irã e Israel. e meio que ela terminou? então meio que é dever deste jornalista que vos escreve avisar: o mundo está uma loucura, edição dezessete, a GUERRA DOS DOZE DIAS, no ar.
esta é uma daquelas que ficará para a história, apesar de meus ponteiros me indicarem que será a primeira de muitas. se já não é a muita de várias outras que um determinado estado — no caso, o de Israel — sempre se envolve.
mas não foi só isso que aconteceu no mundo. e, por isso, seguiremos falando das outras coisas do planeta dentro do limite do possível. aproveito o momento de recados para avisar que a partir desta sexta-feira (27), eu estarei tocando a apresentação do Fórum Onze e Meia, programa no diário no Youtube da Revista Fórum com o camarada Luiz Carlos Azenha. então fica a divulgação para quem quer vir minha cara feia e ouvir minha voz fanha falando sobre as notícias diárias deste brasilzão de meu deus durante um mês.
feito o anúncio, agora vem o pedido! considere se tornar um membro pagante de o mundo está uma loucura, afinal, isto dá um trabalho do cacete:
yalla!
o cessar-fogo, que é meio que uma derrota, que é meio que uma vitória
bem, vocês ficaram sabendo e acompanharam bem. se leem essa newsletter, sabem que o Trump bombardeou o Irã. e que depois o Irã retaliou. e que o Trump falou que ia ter um cessar-fogo. e que Israel violou o cessar-fogo. e o Irã respondeu. e aí parece que rolou um cessar-fogo mesmo.
e tenho visto muita gente preocupada com clamar vitoria frente aos acontecimentos. eu acho que a gente saiu de uma situação meio quem não acho que quem ganhar ou quem perder, nem quem ganhar nem perder, vai ganhar ou perder. Vai todo mundo perder. mas perdeu mesmo mais foi Israel, que lançou tal ofensiva e simplesmente não alcançou nenhum objetivo estratégico no conflito: o programa nuclear iraniano segue existindo, assim como sua capacidade missilística. o regime político dos persas parece intacto.
alguns mais alvissareiros analistas clamam vitória de Israel, mas não conseguem nem explicar o porquê além dos danos infraestruturais (sim, significativos) e as decapitações (sim, significativas) isso seria, em algum contexto, uma vitória.
já os EUA bombardearam lá a parada e um report da inteligência afirma que simplesmente não funcionou. essa leitura na mão da política estadunidense é uma faca de dois legumes: tem gente pedindo para jogar mais bomba (rs) e tem gente usando isso para deslegitimar a ação de Trump.
dito isso, vocês já devem estar cansados de ouvir sobre isso. caso não estejam, posso me alongar a posteriori, em outro caso.
alguns desenvolvimentos que julgo imporantes:
a rejeição iraniana à Agência Internacional de Energia Atômica
a manutenção do projeto nuclear iraniano
a possível reabertura das mesas de negociação entre EUA e Irã sem a carta da invasão na mesa
vamos para mais notícias.
oriente médio
o genocídio em Gaza segue. no discurso de “vitória”, Netanyahu afirmou que o foco agora é acabar com o Hamas e trazer os reféns para casa.
nesta quarta-feira (25), o grupo palestino conseguiu eliminar sete soldados das forças sionistas. o exército israelense deve responder com brutalidade. as denúncias acerca de crimes na distribuição de ajuda humanitária seguem intensas.
um ataque terrorista do Daesh contra uma igreja em Damasco deixou 22 pessoas mortas. tendo em conta que o presidente do país é ex-membro do grupo, fica foda acreditar na promessa de que ele vai conseguir pacificar o país e coibir o fundamentalismo islâmico da qual ele mesmo fez parte (?). mas ele falou em buscar justiça. agora é importante garantir segurança para as minorias étnicas e religiosas na Síria, porque se não o caldo entorna de novo.
Israel segue bombardeando o Líbano sob a alegação de fábricas de mísseis do Hezbollah em pleno junho de 2025.
e como todo o resto foi centrado na guerra, vamos para o próximo continente:
europa
com uma péssima notícia: os países da OTAN anunciaram o compromisso de gastos militares de 5% do PIB para agradar Donald Trump, a quem Mark Rutte, ex-premiê holandês e atual secretário da aliança, chamou de daddy. a Espanha do Pedro Sanchez foi o único país a não firmar o compromisso (além dos EUA).
gente, 5% do PIB para defesa é MUITA COISA. em média, os países da OCDE gastam 4.9% do PIB em educação, que é uma coisa cara e que afeta todos os cidadãos. 5% do PIB para defesa na Europa pode significar o fim do estado de bem estar social europeu. não é brincadeira. é muito dinheiro para guerra.
e a mira, claro, está apontada para Vladimir Putin. então falemos de Rússia e Ucrânia. enquanto a xinxa pegava entre Irã e Israel, a Rússia aproveitou para sentar o dedo no botão e deve acelerar rumo a Sumy.
o conflito segue em ritmo relativamente confortável para Moscou, enquanto a OTAN reconheceu que vai precisar dialogar com os russos para chegar na paz.
áfrica
na semana passada, eu acabei deixando passar meio que propositalmente o acordo Ruanda e RD Congo, mediado pelo Catar e com a carimbada de Donald Trump.
primeiro porque o acordo vai ser formalmente assinado só na sexta (27) o segundo motivo, menos nobre, é uma tecnicidade.
segundo a imprensa, o lindo acordo desenhado por Marco Rubio fala em “respeito à integridade territorial e à soberania”, “proibição de hostilidades no leste da RDC”, “desengajamento e desarmamento de grupos armados não estatais”, “integração condicional desses grupos armados às forças de segurança nacionais”, “retorno e repatriação de refugiados e deslocados internos” e “estabelecimento de uma estrutura de segurança colaborativa para prevenir violência futura”.
palavras incríveis, mas que dependem de algumas obviedades não tão óbvias: Ruanda pode assinar o que quiser e seguir afirmando que não tem nada a ver com o M-23. sem responsabilizar Ruanda pelo M-23 e o M-23 pelos crimes em Goma e Bukavu, não tem segurança de paz nenhuma. agora, fica a pergunta: que garantias o governo da RD Congo recebeu para topar?
o pau está torando no Quênia, onde manifestações se alastram. 16 mortos até o momento. o motivo é a insatisfação com a política econômica, violênia policial e o distanciamento entre a juventude e a classe governante do país. o assassinato do blogger Albert Ojwang por três policiais botou lenha na fogueira.
os protestos se iniciaram por marco de um ano dos protestos do ano passado e tem sido apelidados de protestos da ‘Gen Z’. olho para ver se não vem virada de mesa aí em breve no país, ainda mais pensando nas vindouras eleições do ano que vem. o Quênia é um país com um posicionamento geopolítico relativamente estável, sendo bastante ligado ao ocidente e com suas origens coloniais britânicas.
em Angola, está rolando a U.S.-Africa Business Summit, o problema é que o governo Trump não mandou ninguém que importa. mais um sinal da retirada estratégica (que ainda peso em tentar entender) dos EUA do continente africano.
américa latina
en nuestro mexico, a presidenta Claudia Sheinbaum anunciou que vai processar a SpaceX por conta dos crimes ambientais da empresa do Elon Musk porque foguetinho também peida e, no caso, está despejando poluição no país.
en argentina, um ATENTADO a bomba denunciado contra Milei. mas um retumbante silêncio se deu sobre isso porque o mundo estava ligando para Israel e Irã. se foi um false flag, foi muito mal calculado.
no sábado, 21 de junho, morreu o ministro do Trabalho da Bolívia, Erland Julio Rodríguez Lafuente. ninguém sabe o que aconteceu, mas isso joga ainda mais lenha na fogueira das eleições presidenciais do país, em especial na situação incerta do MAS e da esquerda.
no panamá, a província de Bocas del Toro está em estado de emergência por conta de protestos fortes contra a reforma da aposentadoria proposta pelo atual governo. um morto, 200 presos e muita repressão na conta de Mulino, presidente do país.
EUA
venceu o candidato socialista Zohran Mamdani nas primárias democratas para prefeito de Nova York. agora, ele precisa correr para vencer Eric Adams, atual prefeito, na majoritária. vai ser baba, ao que tudo indica, mas nada que não possa ser destruído pelo partido democrata. Mamdani, muçulmano e socialista, pode indicar um novo futuro para a política dos EUA.
é uma baita vitória do grupo de AOC e Bernie Sanders, que só apanhava do establishment democrata desde as terríveis e inesquecíveis primárias presidenciais de 2016.
ásias que não são o oriente médio
a minha nem sempre tão aguçada atenção não captou eventos dignos de nota nas ásias, com exceção de algumas eleições de meio-de-mandato na Índia, com vitórias para Narendra Modi contra o Rahul Gandhi, em especial no estado de Gujarat.
as tensões entre Camboja e Tailândia seguem e o Bhumjaithai pediu um voto de remoção da primeira-ministra Shinawatra. a ver o que se desenrolam nas próximas semanas.
o Vietnam também oficializou a sua entrada nos BRICS e deve fazer uma visitinha ao Brasil na semana que vem, porque pasmem, a cúpula do bloco mais importante do Sul Global acontece em nosso país em menos de duas semanas e ninguém tá falando disso!
no mais, amigos, é isso aí! até semana que vem, com repositório de contenda! se Deus quiser sem nenhuma nova guerra.